domingo, 4 de outubro de 2009

Imagens da exposição









 

  







 

 

 








terça-feira, 29 de setembro de 2009

“Introspective, ou o que fica de fora”


Apesar de sabermos que nunca alcançaremos uma resposta totalmente satisfatória ou categórica, continuamos na constante indagação acerca dos elementos que, nas imagens fotográficas, ancoram o referente à realidade do instante captado.
Entretanto, temos a consciência de que há muito que as fotografias deixaram de se poder declarar, à quase totalidade dos seus observadores, única e exclusivamente como “crus” fragmentos do real.
A certeza de que não podemos mais subentender a fotografia como testemunho incontestável "daquilo que foi”[1], parece ter aberto um campo inesgotável de hipóteses para um medium que passa por uma constante hibridação.
Também sabemos que, na fotografia artística, não podemos reclamar à imagem a vontade de adequação exacta ao mundo das coisas, pois as representações artísticas não se mostram como documentos de creditação do representado em relação a um referente. Na arte, todo um outro sistema de análise entra em acção, e está longe de se resumir ao nível de adequação do captado à realidade visível.
A fotografia, como prática de criação de imagens a partir da captação e fixação da  luz que as coisas reflectem, transporta consigo uma inerente qualidade fragmentária. Visto não existir máquina ou lente cujo enquadramento abarque a totalidade das coisas, as imagens fotográficas parecem ser sempre peças singulares num puzzle nunca terminado.
No caso da pintura, ou mesmo do cinema, esta qualidade fragmentária não parece estar tão patente. A primeira, independente da foto-sensibilidade, estende-se num plano aberto a qualquer inclusão matérica. Quanto ao cinematógrafo, o facto de se concretizar em sucessões de fotografias no plano de projecção, permite que a obra se circunscreva temporalmente, possibilitando-lhe virar as costas a um exterior ao enquadramento do filme.

“ Aceito que a fotografia seja um fragmento da mesma maneira que uma pintura de Rafael não o é. Mas também não concordo com a necessidade de a reduzir a essa qualidade fragmentária.”[2]

Nada como um artista (fotógrafo) para questionar postulados, e permitir que no fotográfico caibam estratégias, modos de fazer, e imagens que reivindiquem “o quadro completo” da construção cinematográfica ou pictórica. O modo como este autor, e demais, constroem fotografias faz deste medium um território tão capaz como qualquer outro para a edificação de ficções.

Nesta exposição as fotografias de Cristina Regadas, de Marie Ek e de Nanako Koyama não se mostram com o mesmo desejo de completude “cinematográfica” com que vemos as imagens do canadiano Jeff Wall - a encenação de um quadro total (circunscrito, embora facultando-nos a imaginação do que se poderia prolongar para além dos limites do rectângulo) - mas também não são fragmentos de um contexto infinitamente prolífico em pontos de vista, característico do fotojornalismo.


O título desta exposição – “Introspective” (introspectivo – adaptando ao português)  –  revela um paradoxo evidente: como é que podemos observar as imagens destas autoras com a presença de um adjectivo que significa uma auto-analise do interior e do subjectivo, o estudo consciente do espírito por si mesmo; como é que nos pode ser revelado um lugar tão singular como a “alma” de cada um, vista por si próprio, com um meio (a fotografia) que transporta endemicamente a realidade exterior?
Como é que poderá surgir a revelação de um interior a partir das imagens fotográficas que, como estas, captam a trivialidade e mundanidade dos objectos empíricos do quotidiano?
A resposta imediata, a nosso ver, declara que este lugar interior, tão singular como cada individuo no planeta, manifesta-se não nas imagens ou em cada elemento das mesmas, mas naquilo que elas potenciam e nos sugerem para lá dos limites do enquadramento.
Não é a revelação da identidade da rapariga nipónica em “plano-médio-curto”, não é o conhecimento do motivo pelo qual a figura feminina se debruça na cama com os braços cruzados sobre a cabeça (nas fotografias de Regadas); não é a identificação precisa do lugar e da qualidade do cogumelo resguardado pelo arbusto e vigiado pela base do tronco partido, fotografado por Ek; não é a revelação dos nomes e idades das figuras captadas por Koyama, ou mesmo o número de quarto, a cidade (Tokyo ou São Paulo) em que se encontram os lugares idiossincraticamente preenchidos de objectos pelas jovens absortas nos seu espaços; não é pela identificação dos elementos e conhecimento do motivo pelo qual foi enquadrada, dentro dos limites das imagens, toda a luz que estes objectos emanam para a câmara, que reconheceremos o ser(es) interior(es) latente(s) no título desta mostra.
Mas são todos estes factores que nos permitem reconstituir o argumento que possa definir um estado interior, um estado que não se descreve mas que se sugere para lá do conteúdo de cada foto. Um interior que se indicia, tal como o rasto que o fotográfico tem acoplado a si, por ínfimo que seja, da realidade que se expõe ao olhar da câmara.
Será que na verdade ficará algo de fora das imagens? Cada uma não terá o “dever” de ser o rastilho de uma explosão de referências, individuais e colectivas, que se propagam indefinidamente, e que ao voltarmos a elas mais tarde um outro rebentamento se despoletará?

Não será a determinação do rigor da origem das coisas nas imagens que interessará procurar, mas talvez o que as mesmas nos permitem indagar das convenções, certezas perceptivas e cognitivas, que em nós se vão acomodando.

Setembro 2009
José Pereira



[1] BARTHES, Roland – A câmara clara (nota sobre a fotografia). 1ª edição1980. Edições 70 LDA. Lisboa, 2008, p. 13
[2] WALL, Jeff in entrevista a PELENC, Arielle – Jeff Wall. Phaidon Press. New York, 2002, p. 9

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

As Fotografias/ The Photographs





Marie Ek
“Up North”
Impressão cromogénica / chromogenic print
9 fotografias/ 9 photographs, 30x30 cm cada / each
2008/09





 
 
Nanako Koyama
部屋にまつわる5つの話 - (5 stories about rooms)"
Inkjet Print
10 fotografias / 10 photographs, 30×20 cm cada / each
2009



 
Cristina Regadas
“Live Long”
Lamdba Print
6 fotografias / photographs, 40x60cm cada /each
1 fotografia/ 1 photograph  46x70 cm
2009








quinta-feira, 17 de setembro de 2009

CRISTINA REGADAS

Cristina Regadas
Nasceu em 1977 no Porto, Portugal
Vive e trabalha no Porto, Portugal
Licenciada em Escultura na Faculdade de Belas Artes, Universidade do Porto e Fotografia na École Superieure “Le 75”, Bruxelas, Bélgica
Entre as exposições individuais, destacam-se “Rise and Shine”, 2007, na Galeria MCO, Porto e “Piéce Unique”, 2005 na Galeria Plumba, Porto.
Participou em diversas exposições colectivas desde 1999.
Em 2006/7 foi fotógrafa colaboradora dos YPU
http://www.cristinaregadas.com







Cristina Regadas
Born in 1977 in Porto, Portugal
Lives and works in Porto, Portugal
Graduated in Sculpture at Fine Arts Faculty, Porto University and Photography at École Superieure “Le 75”, Brussels, Belgium
Amongst her solo exhibitions are “Rise and Shine” 2007 at Galery MCO, Porto and “Piéce Unique”, at Galery Plumba, Porto.
Since 1999 has been part of several group exhibitions.
In 2006/7 was a photograper member of the YPU
http://www.cristinaregadas.com

NANAKO KOYAMA

Nanako Koyama
Nasceu em 1988 em Ishikawa, Japão
Vive e trabalha em Tokyo, Japão
Estuda Fotografia na Nihon University College of Art
Tem trabalho publicado na Slash magazine nr. 8, na Heso Magazine nr. 11 e no livro “For the Love of Light: a Tribute to the Art of Polaroid
Em 2008 realizou a primeira exposição individual “Potsun”, em Tokyo, Japão.
Participou na exposição colectiva “Instant Era", 2008 na Califórnia, USA
http://nanakokoyama.com/






Nanako Koyama
Born in Ishikawa, Japan in 1988

Lives and works in Tokyo, Japan.
Studying photography at Nihon University College of Art.
Her works are published in Slash magazine issue 8, Heso Magazine issue 11 and in the book “For the Love of Light: a Tribute to the Art of Polaroid
Made her first solo exhibition in 2008 in Tokyo, Japan

Part of the group exhibition “Instant Era", 2008, California, USA
http://nanakokoyama.com/

MARIE EK

Marie Ek
Nasceu em 1979 em Västerås, Suécia
Vive e trabalha em Estocolmo, Suécia
Estudou Estética Contemporânea, História e História de Arte na Universidade de Estocolmo e encontra-se a concluir o mestrado em Cinema no Swedish Film Institute.
O seu trabalho está publicado nas revistas Afisha Magazine (2007), JPG Magazine nr.10 (2007), Moloko+ issue 7, Slash Magazine nr, 8 (2008), O_100 spring issue 2008,
Chikismiqui magazine 2009 e no livro “For the Love of Light: a Tribute to the Art of Polaroid”
http://www.flickr.com/photos/62952597@N00/





Marie Ek
Born 1979 in Västerås, Sweden.
Lives in and works in Stockholm ,Sweden
Studied Contemporary aesthetics, History and Art history at Stockholm University and is concluding the master of Arts in Cinema Studies at the Swedish Film Institute.
Her works are published in  Afisha Magazine (2007), JPG Magazine issue 10 (2007), Moloko+ issue 7,
Slash Magazine  issue 8 (2008), O_100  spring issue 2008,
Chikismiqui magazine 2009 and in the book “For the Love of Light: a Tribute to the Art of Polaroid”

http://www.flickr.com/photos/62952597@N00/

"INTROSPECTIVE" na FUNDAÇÃO



Fundação

Rua do Bonjardim nº 951, Porto
Inauguração a 27 de Setembro de 2009, pelas 16 horas

“Introspective”
Exposição colectiva de fotografia

Artistas: Marie Ek, Nanako Koyama, Cristina Regadas
   
Introspectiveé uma exposição colectiva elaborada por Cristina Regadas que pretende colocar em diálogo imagens fotográficas concebidas por três artistas/fotógrafas, de três lugares distintos do Globo - Portugal, Suécia e Japão - e que partilham os seus projectos regularmente na Internet ao longo dos últimos três anos.
FUNDAÇÃO é a designação do espaço, na rua do Bonjardim nº 951 no Porto, que apresentará propostas no âmbito das artes visuais.
Situado na cave da residência do designer de moda Miguel Flor, Fundação tem como premissa fornecer condições espaciais para a edificação de intervenções artísticas, cuja estrita responsabilidade é dos seus intervenientes.
Sem identidade corporativa ou fins lucrativos, a cada exposição os criadores designam a imagem, o conteúdo e as ideias que pretendem fundar no espaço de tempo da sua apresentação.


A exposição está patente até 17 de Outubro às quintas, sextas e sábados das 16h00 às 20h00
Organização - Cristina Regadas, José Pereira e Miguel Flor
Contactos - 919059992; 917926471; 934067477
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Fundação
Rua do Bonjardim nº 951, Porto
Opening September 27, 2009 at 4 pm

“Introspective”
Photography group exhibition

Artists: Marie Ek, Nanako Koyama, Cristina Regadas


IntrospectiveIs a group exhibition elaborated by Cristina Regadas that intends to relate photographic images created by three female artists/photographers, from three different places in the world – Portugal, Sweden and Japan – who have regularly shared their projects on the Internet during the last three years.
FUNDAÇÃO is the designation of the space in rua do Bonjardim nº 951 in Porto, that will program visual art propositions.
Situated on the basement of fashion designer’s house Miguel Flor , Fundação has the premise to give and create spatial conditions to the edification of artistic interventions, whose responsibility is strictly of the intervenient artists.        
Without corporative identity or profit benefit, at each exhibition creators design/draw the image, content and ideas that they intend to found in the time and space of the presentation. 
The exhibition is open till October 17, on thursdays, fridays and saturdays from 4 to 8 pm

Organization - Cristina Regadas, José Pereira e Miguel Flor
Contacts - 919059992; 917926471; 934067477